29.9.07

Menezes

Nas directas para a liderança do PSD, o aparelho partidário perdeu. Menezes conseguiu vencer, algo surpreendentemente, as eleições para a presidência do maior partido da oposição. Uma vaga de demagogia e populismo está a caminho. Estará bem acompanhado. À direita, tem um modelo com tarimba, Paulo Portas; à esquerda, um exemplo de virtude, Louçã. A Jerónimo resta, evidentemente, a cassete.

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A Birmânia


Há países que, de tempos a tempos, saem do anonimato. A maioria das vezes pelos piores motivos. Agora é o caso da Birmânia. Dominado há anos e anos pela ditadura de um militar sem escrúpulos, ganhou notoriedade devido à luta que os monges budistas decidiram encabeçar para tornar o país mais fraterno e justo. Mas os ditadores, em qualquer parte do mundo, têm uma máquina repressiva que persegue, subjuga e mata os que ousam desafiá-los. As imagens que nos têm chegado deste país são ilustrativas. Mas, por mais que proíbam divulgação de imagens nas televisões, condicionem o acesso à internet, cerquem o centro da cidade com arame farpado, os senhores do poder sabem que vão perder. Seja na Birmânia, no Paquistão ou em Angola. Como muito bem afirmou a Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, presa no seu próprio país:



  • "A única verdadeira prisão é o medo e a única verdadeira liberdade nasce da libertação do medo."

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28.9.07

Chavez e Ahmadinejad

Estes dois senhores encontraram-se na capital venezuelana. O presidente do Irão, depois da sua incursão pelos Estados Unidos, onde teve o despudor de querer ir visitar o lugar das torres gémeas, ele um dos maiores financiadores e apoiantes do terrorismo internacional, foi de visita a essa outra abencerragem do mundo louco em que vivemos, Hugo Chavez, ele mesmo. Se um louco já é perigoso, imagine-se dois! Neste encontro fraterno, ficamos a saber coisas curiosas.
  • «Juntos apoiaremos todos os povos oprimidos e continuaremos resistindo até ao fim do imperialismo(...)«os dois povos da Venezuela e do Irão e os seus líderes têm grandes responsabilidades no cenário mundial».

O irmão, Hugo Chavez, respondeu no mesmo tom:

  • «A Venezuela veste-se de júbilo para dar-lhe as boas-vindas»

Não haja dúvidas. O mundo, na mão destes senhores, seria um paraíso. Sem oprimidos, sem miséria, sem guerras. Nada nos conforta mais que sabermos que dois dos mais prepotentes, autocráticos ditadorzecos nos podem iluminar o caminho, rumo a um mundo mais fraterno.

Com Chavez a fazer discursos de oito horas na tv, que domina, e Ahmadinejad, virado para Meca, a recitar versos do Corão. Ou então, aproveitarem melhor o tempo. Chamavam Fidel Castro e o querido líder, Kim Jong II e jogavam à bisca. Lambida, de preferência.

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27.9.07

A entrevista a Santana Lopes

À hora a que escrevo este comentário, tenho a edição on-line do Público aberta com a notícia respeitante à interrupção da entrevista a Santana Lopes, verificada ontem à noite, na SIC-Notícias. Também eu considero uma vergonha interromper-se uma entrevista a um convidado para fazer um directo com a chegada de um treinador de futebol, ao aeroporto de Lisboa. Mas outro aspecto me chamou a atenção: a quantidade de comentários como reacção à notícia, aproximadamente 300, e o teor dos mesmos. Quase todos nos mesmo sentido, apoiando a atitude de Santana Lopes em abandonar a entrevista. Os menos abonatórios são sob a capa do anonimato. A cobardia ainda tem muitos adeptos.

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26.9.07

As grelhas de avaliação dos professores (I)

O ministério da educação enviou para os sindicatos as novas grelhas de avaliação dos docentes, ainda em fase de discussão. E, como era de esperar, constituem um documento que causa perplexidade e preocupação, até mesmo aos que fingem andar distraídos. Efectivamente, este processo de avaliação abre as portas, como já tenho referido noutras ocasiões, ao compadrio, às injustiças, para além de conter itens de difícil validação.
Hoje, citarei, apenas, alguns exemplos:
  • Como "medir" a evolução dos resultados escolares dos alunos no ano/disciplina face à evolução média pelos alunos da escola?
  • Como comparar os resultados das classificações nas provas de avaliação externa com os resultados da avaliação interna?

Que pretende o ministério? Que o facilitismo se instale e comece a haver uma inflação de "boas" classificações? Como comparar coisas que são, de todo, incompatíveis?

Em relação ao abandono escolar, o ministério propõe esta pérola:

  • O docente empenhou-se activamente na prevenção do abandono escolar e deu um contributo significativo na definição de estratégias para a sua redução?
  • O docente empenhou-se na prevenção do abandono escolar e deu um contributo para a sua redução?

No primeiro caso, o docente será pontuado com 4 pontos; no segundo com 3 pontos. Outras pontuações são possíveis, dependendo do empenho.

Que critérios objectivos estarão na base desta decisão? Acordará o presidente do conselho executivo bem disposto num dia e será benevolente? Ou assobia para o lado e pontua todos os docentes com a mesma pontuação?

Ou muito me engano, ou ainda vou ver alguns colegas a calcorrear praças e cafés, bater à porta de pais estupefactos, à procura dos foragidos, agarrá-los pelo "cu das calças" e a sentá-los, firmes e hirtos, nas cadeiras da sala de aula...

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24.9.07

As directas no PSD

A credibilidade de um partido político começa por cimentar-se, entre outras coisas, por aquilo que se passa e pela imagem que transmite de si próprio. A propósito das eleições directas para a liderança do maior partido da oposição, o PSD, a guerrilha e luta interna pelo controle do maior número de apoiantes por parte dos dois candidatos, Marques Mendes e Filipe Menezes, começa a ser um caso de polícia. Quando um militante se disponibiliza a pagar centenas de cotas de outros militantes, sem que os próprios saibam ou o autorizem, só para contar espingardas antes do congesso, a seriedade atingiu o grau zero. Que confiança merecerão as propostas saídos de um congresso que, à partida, se encontra viciado? Nenhuma.
Seria bom que os partidos democráticos tomassem consciência dos erros que cometem. Não se admirem, depois, com o desinteresse que os eleitores mostram na altura do voto e o descrédito com que a opinião pública os olha.
É por estas e por outras que o seminarista Louçã e o avô cantigas Jerónimo ainda vão tendo quem os ouça.

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23.9.07

Benfica

Para esta nova época futebolística, o Benfica comprou uma estaca por 9 milhões de euros. Chama-se Cardoso.

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22.9.07

O terrorismo islâmico

Vasco Pulido Valente assina hoje, no jornal Público, uma das mais lúcidas crónicas sobre os perigos do fundamentalismo islâmico. Enquanto uns quantos líricos continuam a desvalorizar essa ameaça, a teia vai sendo montada. Quando estiver às nossas portas, vamos acordar tarde demais. Comparados com estes senhores, os estrategas dos Estados Unidos não passam de meninos de coro...
" A guerra de civilizações, que a "inteligência" ocidental persiste em pretender que não existe, entrou numa nova fase. Anteontem, o número 2 da Al-Qaeda, Al-Zawaahiri, proclamou que a mais poderosa potência da humanidade está a ser derrotada pelas vanguardas muçulmanas da jihad no Iraque e no Afeganistão. (...) Depois do Paquistão, a Al-Qaeda também quer o Magreb limpo dos filhos de Espanha e da França."
Vasco Pulido Valente, in Público

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21.9.07

Livro do Desassossego


"Não sei quantos terão contemplado, com o olhar que merece, uma rua deserta com gente nela. Já este modo de dizer parece querer dizer qualquer outra coisa, e efectivamente a quer dizer. Uma rua deserta não é uma rua onde não passa ninguém, mas uma rua onde os que passam, passam nela como se fosse deserta. Não há dificuldade em compreender isto desde que se o tenha visto: uma zebra é impossível para quem não conheça mais que um burro."

Fernando Pessoa/Bernardo Soares, in Livro do Desasossego

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20.9.07

Novas Oportunidades

O sucesso do projecto "Novas Oportunidades" lançado por Sócrates é tal, que a ideia foi exportada para o Brasil, onde Lula o adoptou. Aqui está um exemplo que ilustra bem o interesse pelas novas tecnologias de informação.

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19.9.07

Aquilino Ribeiro



Decorreram durante a manhã do dia de hoje, com pompa e circunstância, as cerimónias de trasladação dos restos mortais do escritor Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional. Para além da polémica que envolve algumas franjas dos defensores da monarquia, que acusam o escritor de ter participado no assassínio do rei D. Carlos, julgo que esta decisão da Assembleia da República era desnecessária e classifico-a, até, de algum oportunismo político. Efectivamente, sendo um nome grande da literatura portuguesa, não se percebe por que razão um Vergílio Ferreira, Camões, Torga, Pessoa e outros não o precederam nesta suposta honraria. Recorde-se que apenas outros três escritores se encontram no Panteão, a saber, João de Deus, Guerra Junqueiro e Almeida Garrett.


Ao menos, não se esqueçam de lhe colocar na lápide a frase que ele desejaria como epitáfio:


"Mais não pude."

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17.9.07

Somália



Por serem tão comuns na comunicação social, muitas imagens já não nos chocam. Mas é bom (re)lembrar que há um mundo de miséria, para além desta sociedade de abundância e desperdício.

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Notícias ou talvez não...

Notícia: Bush agradece a Sócrates o apoio que o governo português tem dado nas intervenções militares no Iraque e no Afeganistão.
Não Notícia:Sócrates faz jogging em Washington.
Mais informações podem ser lidas no Sol.

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16.9.07

Humor tecnológico



O Paulo Pereira ( um abraço...) brinda-me, de vez em quando, com uns mails curiosos e vanguardistas. Aqui está o último exemplo.

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Humor (com sotaque brasileiro...)

Em um supermercado, duas mulheres se esbarram com seus carrinhos:
- Desculpe, mas eu tava distraída. Estou procurando meu marido, não sei onde ele está.
- Que coincidência. Também estou procurando o meu marido!
- Mesmo? E como ele é?
- Bom, ele é moreno, 1,92 de altura, olhos verdes, bronzeado, coxas grossas, ombros largos e uma bundinha linda! Está usando uma calça jeans surrada e uma camiseta que realça o peito e os braços sarados. E o seu?
- O meu que se dane!!! Vamos procurar o seu.

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15.9.07

Choque...cancerígeno

Este governo é cada vez mais autista. Esotérico. Vive na estratosfera. Rodeada de máquinas de calcular e computadores de 3ª , faz contas apenas ao défice. As pessoas não contam. Espezinham-se, humilham-se. Tratam-se como números de uma enorme máquina. E os números manipulam-se, eliminam-se ou escondem-se. Não espanta,por isso, mais esta notícia. Uma professora a quem estão diagnosticados três - digo TRÊS - cancros, foi obrigada a regressar ao local de trabalho e "impedida pela tutela de prestar declarações."
Há uns dias, em conversa de café, um amigo meu comparou Sócrates com Carolina Salgado. Esta é puta, embora faça os possíveis por não o parecer. Estão um para o outro.
A notícia pode ser lida no correio da manhã.

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Governo, sindicato e cotas

Uma das medidas mais penalizadoras para os professores, no âmbito do novo estatuto, é o sistema de avaliação e o sistema de cotas. Ontem, o secretário de estado, Pedreira, admitiu um ligeiríssimo aumento na percentagem dessas mesmas cotas. De seguida, a imprensa ouviu o secretário-geral da fenprof, Mário Nogueira. Causaram-me muito mais admiração e revolta as palavras deste último do que a "benesse" anunciada pelo secretário de estado. O sindicalista afirmou que, afinal, o governo admitia ceder nesta matéria o que vinha de encontro ao que os sindicatos sempre propuseram: a negociação da percentagem das cotas! Ora, mais uma vez, fui inocente...Eu que pensava que os sindicatos eram intransigentes neste capítulo, afinal enganei-me. Vão todos dar uma volta ao bilhar grande.
Nota: As afirmações das pessoas acima citadas foram ouvidas na Antena 1, num dos noticiários da noite.

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13.9.07

O murro de Scolari


Ontem a selecção portuguesa jogou contra a Sérvia e jogou mal. À semelhança do que tinha acontecido frente à Polónia, Portugal deixou-se empatar nos últimos minutos do encontro. Foram dois jogos de fraco nível, com a maioria dos jogadores em nítida falta de forma. Habituados a ganhar, sobretudo depois do brasileiro Scolari ter tomado conta da equipa, os portugueses revelaram uma faceta de mau perder, já manisfestada em outras ocasiões. Lembre-se, apenas, a agressão de João Pinto a um árbitro ou , mais recentemente, um jovem jogador a roubar o cartão vermelho a um outro juiz de partida. Nunca, até hoje, um seleccionador tinha chegado ao ponto de agredir um jogador da equipa adversária. Ontem à noite, Sclolari fez jus à alcunha - Sargentão. Reconheço o papel determinante que este desempenhou à frente da selecção das quinas, conseguindo êxitos até agora pouco vistos. Mas este seu gesto não tem perdão. A Federação deveria, pura e simplesmente, despedi-lo, com justa causa. Os exemplos devem chegar de cima. Mas aposto que, à boa maneira portuguesa, se vai branquear uma situação e desculpabilizar o brasileiro.

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12.9.07

O drama em Darfur

Em Lisboa, dia 16, no Largo Camões, vamos todos chamar a atenção da Comunicação Social para o que se passa no Darfur.
Noutras localidades, pode também organizar a sua própria iniciativa ou participar individualmente de múltiplas formas. A palavra de ordem é alertar.

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Equívocos (ou talvez não)

Há equívocos que (não) são mera coincidência...

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O novo ano lectivo

Esta sinistra figura simboliza o autismo e a arrogância do ministério da educação. No retrato, não sei o que mais destacar:

- o decote;

- o cruzar de mãos;

- o corte do vestido;

- o corte do cabelo;

Todos os anos é o mesmo ritual. No início de cada ano lectivo, encabeçado pelo primeiro-ministro, um grupo de ilustres visita uma escola, simbolizando com isso, o arranque de um novo ano lectivo. Este ano o senhor Sócrates levou uma comitiva de vinte membros: sete ministros e treze secretários de estado. É obra! Cada vez mais o show mediático faz parte da agenda política. Vive-se da imagem, de acções de propaganda. A tão propalada venda de computadores a professores e alunos mereceu-lhe o seguinte comentário: "absolutamente fundamental para melhorar e modernizar o sistema de ensino".


É pena valorizar tanto a máquina e desprezar os recursos humanos, nomeadamente os professores, que têm sido espezinhados na sua honra profissional e roubados nos seus direitos.

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11.9.07

O ataque às torres gémeas (II)

Há seis anos assisti, pelas televisões, em directo, ao ataque perpetrado pelos radicais islâmicos, contra as "torres gémeas", no coração da cidade de Nova Iorque. O mundo tomava consciência como a sua segurança era frágil. Apesar de todo o arsenal bélico, das armas de destruição maciça, do poderio militar da maior potência mundial. Pode concordar-se ou não com a hegemonia americana no mundo, discordar-se do modo como essa pulsão imperialista se manifesta e concretiza. Mas não pode dissociar-se a ideia de liberdade dos Estados Unidos. É nesta fronteira entre os valores da liberdade e da barbárie que interpreto os factos ocorridos. A luta contra o terrorismo, simbolizado na figura de Bin Laden, deve, pois prosseguir. Com todos os erros e contradições que daí podem advir. Mas, para mim, há um valor absoluto que não tem preço: o direito que tenho de criticar, de fazer opções, de dizer aquilo que penso. E neste ponto, não deve haver nenhum fanático que me indique o caminho que devo seguir, seja o de Alá ou de outro deus qualquer.


No fundo, mais do que as mortes e o terror que os seguidores de Bin Laden podem espalhar no chamado mundo ocidental, são os próprios muçulmanos as principais vítimas destes grupelhos que lhes querem impor uma sociedade fechada, totalitária, esclavagista, medieval.

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10.9.07

O caso Maddie

Tenho acompanhado com alguma regularidade o caso da menina inglesa desaparecida no Algarve. Desde o início algumas dúvidas levantei a propósito da actuação da polícia e dos próprios pais da criança. Estes lançaram-se numa operação mediática sem precendentes, por todo o mundo, criaram um fundo cuja finalidade me pareceu sempre de contornos pouco claros. A polícia judiciária, por outro lado, demasiado tarde colocou a hipótese de homicídio. Daí só ter começado a recolher provas três longos meses após o desaparecimento da pequena Maddie.
Mas o que me parece mais grave, no presente momento, relaciona-se com as chamadas "fugas de informação" que vão inundando os principais órgãos de comunicação social. Se os tablóides ingleses nos trataram como se vivêssemos num qualquer país do terceiro mundo, agora os requintes de sordidez estampam-se na imprensa portuguesa. Quem ler as primeiras páginas fica com uma certeza: os responsáveis materiais pela possível morte da menina foram os seus pais! A opinião pública está, assim, condicionada, devidamente orientada. Condena-se qualquer um na praça pública, informações cirurgicamente passadas para a imprensa levam a esse prévio julgamento. E este caso não é o primeiro nem será, infelizmente, o último. De há muito se cometem barbaridades com acusações muitas vezes infundadas, quando se quer esconder o fracasso de uma investigação ou minimizar os atrasos de uma justiça que tarda em fazer-se sentir.

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8.9.07

A Festa

Este fim de semana parece que todos os caminhos vão dar à Quinta da Atalaia, local onde há anos se realiza a festa do PCP. Para ser politicamente correcto, diria que é um acontecimento incontornável. Que seja. Pelo menos na vertente cultural, merece consideração, palavras de apreço. Já o mesmo não direi no plano político. Os camaradas estarão, com ouvidos atentos e olhares embevecidos, pregados aos discursos do secretário-geral. Ouvirão as críticas costumeiras, num discurso gasto e cada vez mais ortodoxo, entrecortado com vivas ao PCP, de punho erguido, como convém. Nostalgicamente, recordarão os tempos do "sol" que a todos iluminava, falarão em "operários", "exploração", "capitalismo", "nosso povo", "imperialismo"...
Domingo à noite, reconfortados, chegarão a casa com esperança renovada nos "amanhãs que cantam". O rito anual estará cumprido.

Ah, e não esquecerão o apoio incondicional às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia(FARC), grupelho terrorista que, qual centelha, acenderá de esperança os camaradas portugueses. Num texto tão laudatório quanto patético, o camarada Miguel Urbano Rodrigues escreve a propósito das camaradas guerrilheiras:

"No meu acampamento somente uma não tinha companheiro. Apenas Eliana ultrapassara os 40. A maioria não atingira os 25 anos. A ética da guerrilha impunha normas que eram respeitadas. Se dois namorados pretendiam estabelecer uma relação amorosa informavam o comandante. A infidelidade não era tolerada pelo código da guerrilha. A pareja era autorizada a dormir na mesma caleta, o estrado-cama que, sob um toldo de plástico, na grande floresta, fazia as vezes de casa. O regulamento proibia também que os guerrilheiros, homens ou mulheres, mantivessem relações sexuais com hóspedes das FARC. (...)

Para surpresa minha quase todas eram bonitas. (...)

Yurleni, a ranchera, projectava a imagem de uma jovem camponesa desinibida, faladora , com uma espontaneidade tocante. Passava o dia na cozinha preparando as refeições dos convidados. Quando apreciávamos um prato de caça ou uma especialidade colombiana reagia tão efusivamente que até comunicava o facto ao seu papagaio palrador, empoleirado num arbusto, ao lado do bidão da água, no terreiro por onde deambulavam galinhas e o quati, mascote da guerrilha. Yurleni tinha um companheiro, John, e dizia ser mais feliz do que algum dia pudera imaginar. Menina, tinha uma obsessão: ser soldado. Mas acabou nas FARC quando percebeu que era mentira o que delas contavam e que a guerrilha era, essa sim, um exército de heróis, como outro não existia . (...)

Isabel mantinha longas conversas comigo. Os temas ideológicos fascinavam-na e encontrou em mim um interlocutor. Após um ano, sentia-se ainda uma iniciada. Cumpria exemplarmente todas as tarefas, verifiquei que atirava muito bem, mas a insegurança atormentava-a. A beleza de Isabel chamava a atenção pela suavidade. Tinha uma pele muito branca, uns olhos enormes, luminosos e um corpo onde tudo parecia certo pela forma e a proporção. Do conjunto desprendia-se irrealidade. " (O texto pode ser lido, na totalidade, aqui.)

Sem comentários...

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6.9.07

Até sempre, colega

Estas notícias apanham-nos sempre desprevenidos. Deixam-nos um vazio e sem saber o que fazer e dizer. Ainda ontem falámos em ti, no momento difícil que atravessavas. Mas com renovada esperança que voltasses brevemente ao nosso convívio. Para nos dares os bons dias e vermos qual de nós iria fazer a aula de substituição. Madrasta, a noite foi mais rápida e levou-te. Até sempre, colega e amigo Afonso.
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernando Pessoa

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4.9.07

Humor


Por várias vezes se fez aqui referência ao trabalho notável dum colega da blogosfera. Mais um exemplo dos tempos que correm.


( via Anterozóide)

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Professor Titular

Na escola onde lecciono, concretizou-se hoje uma das medidas decorrentes do novo estatuto da carreira docente (ECD): elegeu-se o coordenador de departamento. Uma das suas atribuições é a participação no novo processo de avalição dos docentes. Segundo o ECD, durante o decorrer do ano lectivo, cada professor terá três blocos de aulas assistidas, onde as competências de carácter científico e pedagógico serão objecto de avaliação, função esta que incumbe ao coordenador. Como no meu departamento haverá cerca de vinte docentes que serão avaliados, significa isto que o coordenador terá um acréscimo de trabalho de, aproximadamente, sessenta blocos, por ano lectivo. Para além da ingrata tarefa de estar a avaliar colegas, como se recompensará o colega por este trabalho? Terá redução efectiva da componente lectiva? Terá alguma compensação monetária, à semelhança do que acontece com os orientadores de estágio? Alguma vez a equipa ministerial equacionou esta questão?
Pelo que se conhece da D. Milu, mais uma vez os professores sofrerão na pele as consequências de uma política que os menospreza e os desconsidera. Mas ainda há gente, e muita, que não se cansa de cantar loas a tão sinistra figura!

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3.9.07

O novo ano lectivo

Com o mês de Setembro, iniciam-se as actividades lectivas e retoma-se a colaboração no blog. Foi uma pausa longa, pensada. Por diversas vezes, hesitei em continuar a partilhar desabafos, emoções com os amigos que me visitam. Decidi que ainda vale a pena escrevinhar umas frases e valorizar o lema deste espaço: dizer o que penso, mesmo que isso custe a quem o lê.
Há mais de 26 anos que sou professor. Não me recordo de um Setembro tão negro nas escolas. A desmotivação do corpo docente é uma triste realidade; as injustiças e os atropelos a direitos elementares concretizaram-se na divisão dos professores em carreiras e patamares distintos. Para além de termos uma ministra que quase diariamente agride os professores com medidas e palavras, temos os seus sequazes. Os mais papistas que o papa. Os detentores de pequenos poderes que, inebriados pelo perfume do cargo, esquecem rapidamente quem são e de onde vieram.
No recente concurso para professor titular, não fui provido no cargo. Resta-me, pois, esperar, "aqui parado"! Mas aquilo que sinto como injustiça, não posso calar. Decidiram -ainda hoje não sei bem quem, embora desconfie -que o cargo de subcoordenador de departamento não seria contabilizado para efeitos do citado concurso, facto que me prejudicou sobremaneira. Na minha perspectiva, bastaria saber ler e interpretar os preceitos legais vigentes, bem como a prática diária na escola, para que se procedesse de modo diferente. Assim não quiseram. Do último recurso apresentado, ainda hoje não sei a decisão. Mas presumo que terá a mesma resposta dos anteriores: indeferido.
Que fiquem descansados nos gabinetes bafientos do poder!

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